Entrevista com Eliane Quintella

Hoje é domingo. E domingo é dia de entrevista aqui no Perdidas!
Hoje vocês conferem a entrevista com Eliane Quintella, autora de Pacto Secreto, que vocês podem conferir a resenha aqui. 

Depois de ler a resenha, vamos descobrir um pouco mais sobre a autora e que novidades podemos esperar? 

Entrevista com Eliane Quintella

Perdidas: Quem lê a dedicatória do seu livro, vê o quanto você amava o seu pai. No livro, durante a leitura, percebemos o quanto a personagem Tina amava o pai dela, que na história, também partiu. Além de perceber que na sua dedicatória você assina como "Sua bonequinha" e que o pai de Tina, também se refere a Tina como "Minha bonequinha". O pai de Tina é inspirado no seu pai?

Eliane: Muito legal que vocês perceberam isso!!! O pai da Tina, Marcelo Soares, é o único personagem cuja fonte de inspiração foi exclusivamente meu pai. O jeito de falar, o jeito dele ser é totalmente meu pai, tinha que ser, afinal, meu pai, que para minha grande e inconsolável tristeza se foi, foi sempre um grande amigo e incentivador, quer pelo fato de me colocar ainda pequenina para ver filmes de terror e suspense, quer por me emprestar, quando ainda era menina, os primeiros thrillers para eu ler. É claro que a história de Marcelo Soares é diferente do meu pai, por isso o personagem segue um caminho que meu pai provavelmente não seguiria, mas as características do personagem, sem dúvida, foram inspiradas no meu pai. Você leu a dedicatória do livro e nem preciso dizer, mas faço questão, o livro, aliás a saga completa, é toda meu pai, para ele meu grande e melhor amigo, esteja ele onde estiver.

Perdidas: Você se inspirou em pessoas conhecidas para criar seus personagens? Se sim, poderia nos contar quais foram as suas inspirações e para quais personagens?

Eliane: Fora o pai da Tina, os demais personagens são uma mescla de muitas pessoas, às vezes misturando pessoas na vida real com personagens de filme, com personagens da minha imaginação, uma bagunça criativa. A Tina, por exemplo, coloquei nela características que admiro, como coragem, determinação, amor à família, audácia entre outras, ainda considerando o caminho que ela trilhará ela tinha que ser cheia de si, acreditar no seu potencial, sem falsa modéstia, sincera, honesta com quem ama e leal a seus princípios. Na Sara quis colocar características opostas, fiz isso, tanto pela história, como também pelo fato de sempre ter achado interessante como pessoas geneticamente iguais possam ter personalidades tão diferentes. O enviado quis que ele fosse aquele “pedaço de mal caminho” que todas as mulheres, quer assumam, quer não, tem uma forte atração, entre outras características que aparecerão ao longo da saga. Não vou falar de todos personagens pois ficará cansativo...

Perdidas: Segundo uma entrevista que li, Pacto Secreto é uma trilogia, e os outros volumes desta série já estão prontos. Já tem previsão de lançamento dos próximos volumes?

Eliane: Vou ser sincera! Por mim já tinha lançado tudo! Todos volumes estão escritos, aliás eu escrevi muito rapidamente, um em seguida do outro, contudo, infelizmente, dependo das Editoras. Até o final desse ano espero ter uma previsão mais concreta para lançamento do segundo livro, PRAZER SECRETO. Mas como digo sempre, vale insistir com a Novo Século, pois infelizmente o escritor acaba que não tem muita voz ativa nesse quesito, já que é a Editora que dita o calendário de lançamento.

Perdidas: O que sua família achou quando você disse que estava escrevendo um livro cujo o tema é um pacto com as forças das trevas?

Eliane: Ótima pergunta! Minha mãe, que é extremamente religiosa com uma fé bastante aguçada, ficou, vamos colocar dessa forma, um tanto que chateada com a ideia. Eu percebo, ainda que ela disfarce bem, que ela evita falar do meu livro para as pessoas, como se eu tivesse pecado ou algo do gênero. Meus irmãos e meu marido curtiram a ideia, pois eles tem uma liberdade de pensamento e segurança no que acreditam ou deixam de acreditar.

Amanda: Conciliar duas profissões não é fácil, gostaria de saber alguma dica; alguma coisa que você utiliza/faz para dar conta de tudo?

Eliane: Eu escrevi os livros enquanto trabalhava como advogada e trabalhava demais. Eu tinha que usar meu tempo livre para escrever. Então, ao invés de fazer qualquer coisa, eu escrevia. É claro que tinha dias que queria relaxar, até porque, como disse, eu trabalhava demais, então não escrevia nada, mas, via de regra, estava tão envolvida e animada com o livro que qualquer hora vaga queria correr para ele. Depois que terminei os dois primeiros livros da saga uma vontade muito grande foi tomando conta de mim e comecei a achar louco e idiota ter que trabalhar como advogada enquanto tudo o que eu queria era criar mais e mais, por isso depois de  uma longa reflexão, eu resolvi largar minha profissão. Não foi fácil, pois eu já tinha uma carreira consolidada, ganhava bem, tinha um cargo bom e etc, mas uma vontade maior apitava dentro de mim todos os dias e simplesmente resolvi seguir meu coração e minha intuição. Hoje sou escritora em tempo integral, não divido mais meu coração.

Alice Aguiar: Qual foi a sensação de ter seu livro publicado?

Eliane: Foi como um conto de fada, sabe? Como se aquele sonho que você tem desde pequena finalmente se realizasse.

Khrys Anjos: O que te inspirou a escrever Pacto Secreto? Algo que aconteceu realmente contigo ou alguém conhecido?  

Eliane: Eu tenho que voltar para minha infância. Nasci com uma vontade louca de ser escritora, desde pequena eu adorava ler, confeccionava meus próprios livrinhos, amava as aulas de redação, amava ler minha redação para meus colegas em sala de aula que aguardavam ansiosamente pelos meus contos de mistério, adorava ver minhas histórias e poemas publicados no jornal do bairro em que morava, enfim, sabia desde cedo onde queria chegar. Por outro lado, meu amado pai me colocava para ver filmes de terror e suspense, me emprestava livros de mistério, incentivando-me, ainda que sem saber que o fazia, a curtir esse tipo de história. Toda essa influência aparecia nas minhas primeiras histórias, aparecia nos meus desenhos da escola... Naquela época a Adriana Varejão não fazia sucesso e as professoras de arte não sabiam muito bem como receber desenhos de sangue e facas...O personagem Diabo sempre exerceu grande fascínio em mim e Pacto Secreto foi o resultado natural de tudo isso. Se meu pai estivesse vivo, tenho certeza que teria curtido a história. Ele se amarrava nesse tipo de coisa. É uma pena que ele faleceu antes que eu resolvesse me enveredar por esse caminho. Quem vai saber? Talvez tudo isso seja novamente inspiração dele, esteja ele onde estiver.

Nardonio: Qual gênero de livro que você mais gosta de ler? Por quê?

Eliane: Eu adoro suspense. O porquê disso acho que é gosto mesmo. Eu adoro ser surpreendida, adoro a aflição de não saber o que acontecerá, adoro fortes emoções, sempre curti. É meu gênero favorito, minha curtição, uma forma prazerosa para me divertir, seja por livros, filmes ou séries!

Leticia Tavares: Já planejas outros livros?

Eliane: Tenho um suspense com um quê de sobrenatural em processo de desenvolvimento, mas preciso ainda pesquisar muito ainda antes de soltar a caneta.

Nardonio: Como foi o processo para escrever "Pacto Secreto"? (Quanto tempo demorou, quantas páginas por dia, etc.)

Eliane: Eu nunca fui metódica nesse ponto. Meu processo de criar é sentar na frente do computador e escrever. Para isso eu preciso de um ambiente tranquilo, preciso não ser interrompida (ou pelo menos não ser muito interrompida) e deixar minha imaginação correr solta. Sua imaginação te levará a história do livro e as pesquisas que deverá fazer para prosseguir, o importante é deixar tudo fluir naturalmente, bom, esse, pelo menos, é meu estilo. Sei que tem gente que faz todo um planejamento do livro, capítulo por capítulo, isso para mim não funciona. Eu gosto da criação mais solta, ainda que depois tenha que ir e voltar, adaptando o livro no início, conforme a história foi ganhando ritmo e força. Li uma entrevista uma vez de uma artista plástica que disse que ela precisava ir para o ateliê dela, se isolar do mundo e criar, pois o artista precisa da solidão para criar, tinha dias que era demais e tinha dias que nada saía. Uma compositora disse a mesma coisa. Eu me identifico com o estilo delas de criação. Como artista, acho que o escritor é também um artista, eu preciso me isolar para  criar, e não pode ficar neurótico nesse processo, tem dias que o texto fluirá e tem dias que nada irá sair, é importante reconhecer isso. Se você é escritor, o importante é descobrir seu estilo de criação.

Quero agradecer ao blog pela entrevista maravilhosa e dizer que assim que tiver novidades vou trazer correndo para vocês. E não percam a continuação da saga! Está demais. Beijo enorme para vocês todos!