Hoje é dia de falar sobre: Abuso

No mês passado, a Editora Valentina sugeriu uma Campanha de Conscientização sobre o Autismo. Nós do blog Perdidas abraçamos a causa. Este mês, o tema proposto é bem mais complicado e sombrio... porém, mais uma vez iremos ajudar a debater sobre esse assunto tão polêmico: o abuso sexual. 

Segundo pesquisa divulgada pela revista The Lancet, uma em cada 14 mulheres já sofreram algum tipo de abuso.
Nesta mesma pesquisa, os autores afirmam que a situação varia muito de país para país. Enquanto na Região Central da África Subsaariana a taxa de mulheres vítimas de abusos chega a 21%, na Ásia a média é de 3,3%. A média mundial de mulheres com 15 anos ou mais que dizem ter sido atacadas sexualmente por alguém que não é seu parceiro é de 7,2%. Esses números são, no mínimo, alarmantes. 

Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam para uma situação ainda mais sombria se for levado em consideração o número de mulheres vítimas de violência em geral. Cerca de 70% das mulheres do mundo sofrem algum tipo de violência no decorrer de sua vida, segundo a organização. Em todo o mundo, uma em cada cinco mulheres será vítima de estupro ou tentativa de estupro, conforme calcula a ONU.

No Brasil, a situação não é muito diferente. O Ministério da Saúde revelou em 2013 que o SUS (Sistema Único de Saúde) recebeu em seus hospitais e clínicas em média duas mulheres por hora com sinais de violência sexual em 2012. Isso sem contar o sistema privado de saúde. Entre 60 e 65% dos casos o agressor é um conhecido da vítima.

“A violência contra as mulheres não está confinada a uma cultura, uma região ou um país específicos, nem a grupos de mulheres em particular dentro de uma sociedade. As raízes da violência contra as mulheres decorrem da discriminação persistente contra as mulheres”, afirma a ONU.

E as mulheres casadas não estão fora dessas estatísticas. Cerca de um terço das mulheres já foram coagidas ao sexo por seus parceiros. Pode não parecer, mas isso também é abuso sexual. O fato do agressor ser o marido, não muda em nada a situação... Pesquisas sobre essa área ainda são muito superficiais, pois a maioria das agredidas não denuncia os abusos, seja por vergonha, ou por achar que a culpa é dela. 

Porém, as mulheres não são o único foco nesse tipo de agressão. Todos os anos, milhares de crianças são violentadas. Segundo pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde em 2012, o abuso sexual é o segundo tipo mais comum de abuso contra crianças brasileiras, atrás apenas da negligência. Na grande maioria das vezes, o agressor esta dentro da própria casa da criança. 

Mas se você pensa que esse problema é uma exclusividade de mulheres e crianças, pesquisas revelam que aumentou o número de casos de violência sexual contra homossexuais também. Porém, não encontrei uma pesquisa que abordasse apenas a violência sexual; Na maioria dos casos, trata-se de um crime motivado por preconceito. 

Se você sabe de alguma criança que esteja passando por isso, ou conhece alguma mulher que tenha sofrido abuso, denuncie. 
Procure as autoridades e órgãos públicos para que eles investiguem o caso. No caso de abusos infantis, o melhor é procurar a Delegacia da Criança e Adolescente ou o Conselho Tutelar de sua cidade. Para as mulheres, foi criada em 1985, a Delegacia da Mulher, ou disque 100. Infelizmente, ainda são poucas as delegacias que estão preparadas para lidar com crimes homofóbicos, deixando os homossexuais à margem da sociedade quando são abusados. Se a pessoa abusada é um parente, ou amigo próximo, tente conversar com ela para que ela faça a denúncia. Quando a denúncia é feita pela própria vítima, o caso ganha maior legitimidade. Sem contar que as autoridades tem meios de proteger a integridade física e mental dessa vítima. 

Para construirmos um mundo melhor, precisamos seriamente repensar a maneira como nossas crianças e mulheres são tratadas. E só através da denúncia nós conseguiremos retirar os abusadores do convívio da sociedade. Não se calem, e por favor, não permitam que outras pessoas se mantenham caladas...

Alguns livros que abordam o assunto: 

(Clique nas imagens para conferir a sinopse) 

  

  

Fontes: 

• BrasilSpot
• Experience Project
• G1
• ONU
• UOL