10 de setembro de 2014

O Doador de Memórias por Lois Lowry

Livro I 

Autora: Lois Lowry
ISBN: 9788580412994
Editora: Arqueiro
Ano: 2014
Páginas: 192

Classificação: 
Em O doador de memórias, a premiada autora Lois Lowry constrói um mundo aparentemente ideal onde não existem dor, desigualdade, guerra nem qualquer tipo de conflito. Por outro lado, também não há amor, desejo ou alegria genuína. Os habitantes de uma pequena comunidade, satisfeitos com a vida ordenada, pacata e estável que levam, conhecem apenas o presente – o passado e todas as lembranças do antigo mundo lhes foram apagados da mente. Um único indivíduo é encarregado de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis. Aos 12 anos, idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz ideia de que seu mundo nunca mais será o mesmo. Orientado pelo velho Doador, Jonas descobre pouco a pouco o universo extraordinário que lhe fora roubado. Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela utopia começa a se revelar.

Imaginem uma sociedade que funciona como uma grande engrenagem. Todos sabem suas atribuições, respeitam as regras e tudo funciona na mais perfeita harmonia. Essa é a sociedade em que Jonas vive. 
Nela, as "famílias" são formadas por um casal que pode receber duas crianças do governo. Isso mesmo... você não faz um filho. Existe uma mãe biológica que dá a luz a uma criança. Essa criança passa a ser cuidada por uma equipe especializada e quando a criança esta pronta, ela é entregue a uma unidade familiar. Ou seja, pra você ter um filho, você faz uma requisição ao governo e eles lhe entregam uma criança. O mesmo acontece com um conjugue. 
Mas ai você deve estar se perguntando...
"Mas onde fica o amor?" 
O amor não existe. 

Pra vocês entenderem como o amor não existe, todas as manhãs as pessoas precisam tomar uma pílula que inibe o "apetite sexual", ou seja, não existe aquele sentimento de se apaixonar... desejar alguém... e muito menos sexo nessa sociedade. 
Mas nem tudo é tão ruim... ninguém passa fome; não existe guerra; os idosos são respeitados e bem cuidados até o dia da dispensa deles, onde uma grande celebração é realizada; todas as pessoas ao completarem 12 anos recebem atribuições dentro da comunidade designadas pelos anciões que estudaram a personalidade desses jovens meticulosamente de forma a achar a melhor atribuição de acordo com as habilidades e interesses deles, ou seja, você trabalha no que lhe dá prazer. Na sua vocação. 
Só que a vocação de Jonas é muito... mas muito específica. Ele foi selecionado para ser um Recebedor, a função mais importante de todas. 
Só existe um recebedor em toda a comunidade, e ele esta envelhecendo, logo, precisa de um substituto. Cabe a ele manter toda a memória, toda a história das pessoas, ou seja, todo o conhecimento. 
Só que esse conhecimento pode trazer muita dor...

Essa história é uma distopia, mas pra quem espera algo como Jogos Vorazes ou Divergente, com tiros e correria para todos os lados... esqueça. Essa distopia foca na questão psicológica do que é viver em um mundo onde as pessoas não têm ideia do que acontece a volta delas, pois simplesmente não se lembram. 
Por exemplo: Você sabe que uma maçã é vermelha, certo? Você sabe disso porque em algum dado momento da sua vida, alguém lhe disse que aquela cor é vermelho, você gravou isso na sua memória e agora todas as vezes que você vê algo com aquela cor, você entende que é vermelho. Maravilha!!! 
Mas e se você não soubesse o que é a cor vermelha? Se você não soubesse o que é cor? Se você já nasceu numa sociedade que não tem essas informações, ela não afetaria em nada a sua vida. Você continuaria comendo a maça sem se importar se ela tem cor ou não. Mas e se alguém, de repente, lhe mostrasse o que é a cor vermelha? Você iria querer compartilhar essa informação e passaria a ver o mundo com outros olhos, certo? 
É o que acontece com Jonas. 
Só que ele não pode compartilhar com ninguém, porque só ele tem o direito de saber que existe o vermelho, pois só ele é o detentor da memória. 
Sinistro, né? 
Agora imaginem como deve ser solitário ser o único a ver o mundo dessa forma...

Entenderam o que eu disse no início dessa resenha, quando disse que essa distopia foca no psicológico? Ela bota teu cérebro pra funcionar! 
Só que essa lembrança das cores é uma lembrança light. Imagine receber a lembrança de todas a guerras; de alguém sentindo fome; a dor da perda de alguém querido... nada disso existe no mundo de Jonas porque as lembranças foram retiradas das pessoas, mas ele precisa receber isso! 
E quando ele começa a receber essas lembranças, ele percebe que a sociedade que antes era perfeita, na verdade é uma falsa utopia, pois a vida não pode ser perfeita com você tirando o livre arbítrio e as memórias das pessoas. 

Quando Jonas começa a entender o que se passa por trás dos bastidores da "sociedade perfeita", e decide tentar modificar isso, o livro chega ao fim. O que ele irá fazer para tentar mudar isso é dado num esboço do plano, mas fica para o próximo livro. 

A impressão que eu tive é que esse é um livro introdutório. A história tem potencial, mas deixa muita coisa em aberto. Por exemplo: como o Doador (que era o antigo recebedor de memórias) consegue passar as memórias para Jonas através do toque de suas mãos nele? Por que a sociedade decidiu apagar as memórias da face da Terra e viver dessa forma? Qual foi o ponto de colapso que levou eles a esse extremo? Isso não é explicado neste livro.  

Eu acredito que o segundo livro dessa série deva ser melhor, pois a história estava se desenvolvendo bem até o fim. A leitura é super rápida, pois o livro é relativamente fino, e flui com facilidade. 
Ao final do livro, nós ainda temos uma pequena entrevista com a atriz Taylor Swift que nos trás algumas informações sobre o que podemos esperar da adaptação deste livro para o cinema. 
Eu gostei do livro, mas acho que se a autora tivesse se esticado mais na história conseguiria prender melhor o leitor, pois o exemplar ainda estava fino (ou seja, a desculpa não pode ser porque estava arrastando a história e enrolando o leitor) e poderia ter dado um gancho para o próximo livro mais atrativo. Quando esse livro termina, você pensa: "Ok. E ai?"

Não é como as outras distopias que você termina o livro e fica arrancando os cabelos querendo saber o que acontece em seguida, entendem? Eu gostei do livro e vou ler a continuação (se for lançada no Brasil), mas recomendo que os fãs das trilogias citadas no inicio deste post leiam sabendo que é uma distopia completamente diferente do que estão acostumados. 




15 comentários

  1. Eu não li nenhuma distopia então to no lucro no quesito ficar comparando as séries rs Eu achei bem interessante essa coisa de mexer com o psicológico, a gente se bota na situação do personagem e fica imaginando o que fariamos. Os atores do filme ajudaram no meu interesse também haha

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  2. desde que vi o trailer do filme,,, já fiquei tenso para ler o livro.... vejo algumas resenhas e como vc disse( parece ser opinião geral.) a historia tem um grande potencial, mas o livro e o enredo foi mal desenvolvido.... mas de qualquer forma, ainda quero ler o livro e ver essa distopia psicológica.

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  3. Por incrível que pareça ,ainda não li uma distopia.
    Tenho vontade de começar pelo "Teste",mas quanto ao "O Doador de Memórias", não sei se leria!

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  4. Natália!
    Como assim não existe amor?
    Distopia bem utópica te um mundo perfeito, né?
    E não ver as cores é algo surreal, mas depois de conhecer e receber as memórias, tudo passa a ser um arco íris, bem bacana.
    Quero ler e assistir o filme.
    Cheirinhos
    Rudy

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  5. Eu adoro distopias de qualquer estilo, das que tem mais ação até essas mais psicológicas. Desde que o foco principal seja a problemática desse universo criado, e não os romances que os autores insistem em colocar em suas tramas. Pelo que deu pra perceber, esse livro é muito focado nesse conflito interno do protagonista em relação ao mundo em que vive. Gosto disso.
    Acho que a autora tem uma bela premissa em mãos e espero que ela consiga desenvolver muito bem nos próximos volumes. Vamos aguardar e torcer muito.

    @_Dom_Dom

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  6. pena q o final n foi bom pra vc. todo mundo falou relativamente bem desse livro, então acho q já tenho mais um pouco de noção do que esperar.
    to querendo ver o filme tbm.

    Seguindo o Coelho Branco

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  7. Não li ainda, estou querendo até ver o filme por estes dias, mas é uma série que me interessa.
    Bjs, Rose

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  8. Olá, fiquei um pouco triste quando vi que você classificou com apenas 3 estrelas, comprei esse livro e estou super ansioso para ler, mas sua resenha me abriu mais a mente sobre o que se trata o livro.
    Amei a resenha, beijos.
    http://www.marcasliterarias.blogspot.com.br/

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  9. Eu tento nunca comparar livros do mesmo gênero, para evitar que o livro não supere as minhas expectativas. esse parece ser um livro muito bom..eu já estou imaginando como seria algo assim..

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  10. Imagine mesmo morar num mundo sem sentimento nenhum, tomar pilula para ficar sem apetite sexual, rss, que horror. Espero mesm oque seja introdutorio, porque ninguem merece acabar quando a coisa começa a se desenvolver. E eu nao curti esse rapaz para viver Jonas, ele nao tem cara de ter doze anos.

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  11. Oie...
    Nossa eu estou louca para ler esse livro e assistir ao filme!
    A premissa é muito boa e me deixou super curiosa com o que irá acontecer!
    Parece ser uma leitura bem fluida, cheia de ação e amo livros assim!!

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  12. Eu vi muitas resenhas, mas não me interessei muito.
    Gosto de livros que deixam a gente querendo mais, livros assim não me interessam.
    Mas quem sabe depois dos outros, fique melhor né? Até lá eu resolvo se leio. rs

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  13. Estava querendo muito ler o livro, mas depois da sua resenha fiquei meio apreensiva, eu não tenho nada contra o livro tratar mais o psicológico, até gosto, mas eu preciso de explicações para certas coisa se não fico remoendo isso depois!

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  14. Eu achei genial a ideia do livro, Nati. O que me desanimou mesmo foi o fato de deixar algumas perguntas sem respostas. Mas, como vc disse, talvez seja abordado no segundo livro e sirva como incentivo para ler a continuação. né? Achei incrível essa coisa de levar mais para o lado psicológico e de não ter o amor, sentimento e recordações. Incrível e genial, ao mesmo tempo.

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