Editora: Intrínseca
ISBN: 9788580572445
Ano: 2012
Páginas: 256
Classificação:
Em 4 de novembro de 1979, os funcionários da embaixada dos Estados Unidos em Teerã são surpreendidos pela invasão de um grupo de militantes, que faz 52 reféns. Em meio à confusão, seis diplomatas conseguem escapar e encontram refúgio na residência do embaixador do Canadá. Mas Tony Mendez, especialista em disfarces da CIA, sabe perfeitamente que é apenas uma questão de tempo até que sejam encontrados. Para retirá-los do país, ele concebe um plano muito arriscado, digno de cinema. Disfarçando-se de produtor de Hollywood e apoiado por um elenco de agentes secretos, falsificadores e especialistas em efeitos especiais, Mendez viaja para Teerã a pretexto de encontrar a locação perfeita para um falso filme de ficção científica chamado Argo. Neste livro, ele revela todos os detalhes da complexa operação que aliou o alto escalão de Hollywood ao mundo da espionagem.
Quando eu fazia faculdade de jornalismo, um professor recomendou que os alunos lessem esse livro para que nós pudéssemos ver como a mídia pode manipular a verdade. Na época, eu não li o livro, mas na Bienal de 2013 lembrei do comentário do professor e como estava em uma mega promoção eu fui lá e o comprei, mas ele ficou esquecido no canto de uma das minhas prateleiras até agora. Se não fosse pelo Desafio da Bienal, provavelmente ele teria continuado lá...
Pois bem... eis que ele (finalmente) foi lido.
A história narrada em suas 256 páginas trata-se de uma história real que ocorreu em 1979, durante a revolução do Irã.
Em 1978, o país estava a beira do colapso com as diversas greves e tumultos violentos entre os seguranças do xá (uma espécie de monarca) e os partidários do Khomeini (um dos primeiros "monarcas" ligados diretamente a seitas religiosas, como os Aiatolás, que controlam a região até hoje).
Xá Mohammad Reza Pahlevi |
Aiatolá Khomeini |
O xá era aliado dos EUA, portanto, quando seu governo é derrubado ele alega problemas de saúde e se exila em território norte americano. Isso cria uma revolta muito grande na população iraniana, que decide invadir a embaixada americana no Teerã (capital do Irã), mantendo os funcionários e embaixadores reféns por, pasmem... 444 dias!
Ao todo, foram feitos 53 reféns na embaixada, porém, um grupo de 6 embaixadores conseguiu sair da embaixada no meio de toda a confusão. Nesse momento vocês devem estar pensando: "Nossa. Que sorte!".
Não. Não é bem assim...
Imaginem que vocês estão em um país que não é o seu; com pessoas que você não conhece (só as que trabalhavam com você e que tecnicamente estão presas agora); sem poder confiar em ninguém do local, pois todos querem matar os americanos, e vocês são inconfundivelmente estrangeiros, já que não se parecem em nada com a população local para se misturarem a ela e desaparecerem.
Na verdade, eles passam a ser caçados!
Invasão da embaixada - foto Jornal O Globo |
É claro que a situação deles consegue ser melhor do que a dos embaixadores que ficaram para trás na embaixada, que passam a sofrer retaliações e violências verbais, físicas e psicológicas, mas não deixa de ser um momento muito tenso.
Eles conseguem ajuda do embaixador canadense, que os abriga em sua casa até que a situação se resolva. Inicialmente, eles acreditam que a polícia local irá ajudar a conter a multidão na embaixada e a ordem será restabelecida rapidamente, porém, isso não chega nem perto de acontecer. Nesse momento, o governo dos EUA começa a planejar ações para libertar os reféns da embaixada e resgatar esses seis fugitivos em segurança. E para isso, eles convocam a CIA e seus espiões.
"Quando as pessoas pensam em espiões, a maioria pensa nos filmes de Hollywood, em que o espião é sempre arrojado e exuberante. No mudo real, porém, um espião tem que ser capaz de se integrar à paisagem. Uma coisa que eu sempre digo quando se trata do tipo de pessoa que a CIA procura é que não deve ser o sujeito que atraia todos os olhares, e, sim, aquele que, depois de passar na fila do banco ou pelo caixa do supermercado, ninguém mais se lembra da sua aparência." - pág 149
Antonio Mendez era um artista que foi recrutado pela CIA para o setor de autenticações, ou seja, ele é o responsável por produzir documentos falsos e disfarces, e acabou se envolvendo de tal maneira nessa história que tornou-se o responsável por retirar os seis fugitivos em segurança do Teerã.
Antonio Mendez (atualmente, na época da revolução e interpretado por Ben Affleck em Argo) |
"Desde sua concepção, a CIA sempre se apoiou na engenhosidade de consultores externos para auxiliar os espiões americanos a se manter à altura dos adversários. Ao contrário dos seus colegas soviéticos, que desfrutavam de forte apoio governamental." - pág 133
Quando eu comecei a ler este livro, fiquei muito impressionada com a história, pois eu desconhecia qualquer informação sobre a revolução iraniana e como os Aiatolás chegaram ao poder. Esse livro é um relato histórico muito interessante e impressionante, pois você tem a parte divulgada à mídia, o fato em si, mas também tem um descrição detalhada do ponto de vista do governo pelos olhos de Mendez. Além disso, ele lhe explica detalhadamente como funcionava a CIA naquela época.
A história foi vendida (inclusive é o subtítulo do livro) como o mais estranho resgate da história, mas o livro me mostrou como a CIA estava completamente despreparada para a situação. Se os embaixadores não tivessem tido tempo de se esconder com os canadenses, eles teriam morrido!
Isso sem falar na política externa, porque um governo que permite que 53 cidadães fiquem reféns de um governo estrangeiro (diplomatas não tem imunidade?!) por 444 dias!!! Desculpem... é um governo incompetente.
Se isso ocorresse nos dias de hoje o exército dos EUA estaria desembarcando no dia seguinte no Teerã. Eles já fizeram isso por muito menos!!!
Então, o que ficou marcado pra mim nessa leitura não foi como eles conseguiram criar uma super história, envolvendo Hollywood para resgatar os reféns. Ficou marcado o despreparo total dos EUA para lidar com a situação.
Como vocês podem perceber pelas fotos desta resenha, eu depois fui pesquisar tudo que podia sobre a revolução e acabei entendendo muito sobre a política atual do Irã e a Primavera Árabe. A leitura, para mim, não foi muito atrativa, pois eu não curto livros de espiões. Acho sempre muito parado. Mas é inegável que a leitura desse livro é essencial. Todos deveriam ler esse livro, pois trata-se de uma história real com consequências reais que afetam o mundo todo até hoje. Sigam o conselho do meu professor e leiam!
"Obviamente, as relações diplomáticas com o governo iraniano cessaram no dia que a embaixada americana foi tomada. Mas ninguém poderia prever, que mais de 30 anos depois, os EUA e o Irã não teriam nenhum contato formal. O Irã, que um dia foi considerado amigo duradouro e aliado estratégico, continua sendo até hoje um estado imprevisível, governado por fundamentalistas islâmicos fanáticos. Durante a crise dos reféns, os EUA se frustaram por sua inabilidade de negociar com um regime que punha os ideais da intolerância religiosa acima da razão e dos ditames das leis internacionais. Infelizmente, pouca coisa mudou. Hoje, os EUA e o Irã estão mais distantes entre si do que nunca, enquanto a população iraniana sofre com um regime corrupto e ineficaz." - pág 237
"Após a Primavera Árabe em 2011, ocasião em que toda a região enfrentou turbulências, fui lembrado que os iranianos não são árabes. São persas. Uma etnia diferente com uma história diferente. (...) Em fevereiro de 2011, defensores do candidato rival (...) decidiram fazer um comício em apoio à recente Primavera Árabe. Mas a centelha logo foi extinta pelos mulás e a Guarda Revolucionária (de Ahmadinejad, lembram dele?) iraniana numa repressão sangrenta." - pág 239
Eu ainda não conferi o filme, mas pretendo fazer isso em breve (talvez no próximo fim de semana...) para ter uma opinião formada sobre a adaptação. Já procurei o filme no Netflix e no Now da Net, mas não tem em nenhum dos dois, por isso terei que achar um link da internet mesmo...
Se alguém tiver um link confiável para assistir on line eu estou aceitando. =)
Olá! Acredita que eu ainda não vi esse filme e nem li o livro? Na verdade, nem sabia que tinha o livro. O filme sempre me interessou, mas acabo deixando sempre para depois. Agora li seu post, prometi para mim mesma que vou criar vergonha na cara para vê-lo. E depois ler o livro, claro.
ResponderExcluirBeijos.
Olá, Natália.
ResponderExcluirEu tenho esse livro em casa, mas não sabia que a história é essa. Confesso que comprei o livro porque estava na promoção: R$ 4,99. Como eu adoro história, vou querer ler, com certeza.
Quero conhecer mais sobre esse fato.
M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de fevereiro. Você escolhe o livro que quer ganhar!
Que livro emocionante :O
ResponderExcluirNão tinha a menor ideia desse conflito que houve
Confesso que fiquei com vontade de lê-lo, mas por enquanto vou dar uma olhada no filme para entender um pouco sobre este conflito
Nossa, todo mundo falando e comentando sobre este filme e eu nunca vi, estou me sentindo um peixinho fora d´água agora! Hahahaha Tem um tempão que quero ler este livro, mas sempre esqueço dele, vou até anotar aqui para não esquecer. Acho que não preciso nem falar novamente como Hollywood distorce as história contidas nos livros e adaptam da forma como quererem. Eu sinceramente odeio assistir filmes adaptados de livros, sem antes ter lido o livro propriamente dito, primeiro.
ResponderExcluirLerei o livro e depois verei o filme, ou melhor: verei a distorção de Hollywood do livro "Argo".
Puxa vida, não li o livro e nem o filme, estou muito atrasada. Historia baseadas em fatos reais, eu amo sabe, pq fico pensado, puxa alguém vivei isso, é realidade, não é historinha e blá, blá. Nota 09 sem ter feito nem um dos 2.
ResponderExcluirNunca li/assisti esse livro/filme. Aliás, só descobri que era um livro, depois de saber do lançamento do filme. Esse tipo de trama não faz muito o meu estilo, mas acho que vale como registro histórico. Se tiver oportunidade, vou dar uma conferida, mas vai ser em um futuro bem distante.
ResponderExcluir@_Dom_Dom
O livro em si não pretendo ler, mas o filme eu quero ver.
ResponderExcluirBjs, Rose